
Um gde amigo me lembrou de outros cinemas de rua aqui da Tijuca. O Cooper na Cde de Bonfim, o Comodoro lá proximo a R. do Matoso, um na Galeria do Miguel Couto, do outro lado da Rua onde era a Mamute, tinha outro poeirex tbem. Estes estavam no circuito Off Saens Pena. Tinha um que eu não conheci q ficava onde hj é a CeA, a lenda é de que este foi o melhor de todos. Eu ficava entre os tres da Pça: Tijuca, Carioca e América. O Carioca eu achava o mais charmoso, virou Igreja, ainda da pra olhar marmores e a bela instalação.
Num gosto muito de explicar não, mas as vezes é bom. O lance de tirar os cinemas da rua é o fim das naturalidades. O ambiente do shopping é uma mentira, o cidadão ali dentro esta num estado alterado da mente, em um ambiente falsamente seguro, asséptico.
Na rua a gente anda mais, fica exposto a bactérias e ao sol. Fixa vitamina D, desenvolve anticorpos, faz os próprios caminhos. Não termos cinemas de rua é uma decadencia urbana, fruto de nossa incompetencia em votar e gerir a tal da coisa pública. Enfim uma merda geral. Quem acha que cinema é kinoplex vai pelo mesmo espírito do garotinho q acha q a vaca é quadradinha com label da tetrapack.
Vivemos numa época de consumo, de vendas e clientes. Cliente sempre tem razão e ai vem as pesquisas de mercado e uma pasteurização geral. Tudo tem q ser gostoso, agradável, politicamente correto. Os filmes por exemplo, tem de ir direto ao ponto, apresentar tudo de maneira didática, fazer muito barulho, pq sempre tem um imbecil pra falar durante a exibição. A introspecção, as sutilezas acabam sendo filtradas por conta disso. Sem falar na percepção de uma platéia cada vez mais rasa de saber espalhado e desconexo.
O dito circuito de arte tbem me enche o saco, uma meia duzia de leitores de orelha de livro q se acham intelectuais e te olham de banda fazendo carinha. Isso fica pra outro dia.
O mesmo acontece, com a alimentação. É premio, sistema de mérito, é status comer.
No fundo comida é antes de tudo lenha pra queimar, deveria ser ATP pra dar disposição para buscas de outros prazeres, não necessariamente imediatos.
É facil se render a preguiça, acumular este ATP em forma de banha e ai o papel da comida trunca e vira prazer em si. Temos medo de sair e sermos roubados, numa caminhada pela lagoa. Quem pode andar de bicicleta as 22h no Rio de Janeiro? Entre ser roubado ou atropelado a volta pra casa é uma loteria.
Dar uma caminhada nas madrugas é um ato de fé. Enfim, se as feras estão a solta, melhor pedir uma pizza e lorpar no sofá. Ou então se trancar num carro e ir e voltar prum shopping comer na gde gamela q é a tal pça de alimentação.
Enfim, velho e nostálgico lembro com saudades dos cinemas de rua, dos pipoqueiros e de caminhadas tranquilas pela cidade. To perdido mas me encontrando. Bola pra frente.
Algumas facilidades nos atrofiam, não sao beneficas. Algumas chegam mesmo a ser prejudiciais. Viver plenamente implica em superar dificuldades, encarar desafios. Nem todo atalho nos leva ao ponto desejado.