
Eu já tenho o Passaporte há muito tempo, nunca o utilizei, nunca saí efetivamente da Gordolândia. Até onde me lembro, nasci nesta terra. É uma terra ampla.
Eu fiz diversos tratamento de emagrecimento, os aliados a atividade física sempre foram os melhores sucedidos, pelo menos aparentemente. Eu nunca concluí nenhum deles. Com esta intevençào cirúrgica eu não terei como, tenho que seguir adiante com acompanhamento médico regular e encontros de grupo de migrantes da terra dos gordos por muito tempo.
Ser um morador da Gordolãndia, Gordópolis e outros lugares de manequim distante é bizarro. Um gordo dá de cara suas fraquezas: seu corpo por dentro, por fora, coisas tangíveis e intangíveis ligadas a isso. Ele não sabe administrar coisas ligadas a sua carcaça. Resta descobrir o que. Inicie uma pesquisa, qual seu prato preferido? Alguns mais escrotos dirão que é rabada com tutú, outros Massa com Salada Fancy. No Boteco ou no Gula Gula, todo habitante da Gordolãndia deixa sua assinatura. Raspa o prato e tem lugar pra mais um, mesmo usando Protex. Quer ser mais cruel? Discuta coisa sobre estas malditas cadeiras plásticas, a baixa resistência e a constante gravitacional agindo 24h por dia são terror certo para o ser de manequim exótico.
Tem os filhinhos da mamãe que não sabem comer sem feijão, os alérgicos a comida natural mas incrivelmente resistentes a angú a baiana. Os que são viciados em coca-cola, e uma série de outros dogmas orais.
A operação ajuda pricipalmente nisso. Não existe mais lugar pra fazer lotada no buchão. Hábitos alimentares de conforto são adiados, só liquidos sem graça engrossando lentamemente ate a tal dieta livre, um alarme no peito contra pouca mastigação, o prêmio anual de quem come e não vomita. Uma nova estrutura digestiva, não valeria a pena começar algo novo naquilo que vem pela boca também?
Antes de operar o gordo poderia vir a noite fazendo várias paradas, jantar, encontrar os amigos, dar uma carona, beber uma no postinho. Em todas as escalas boca cheia, sendo ainda na última companhia pra madrugada em forma de sorvete, geralmente num pote de 2l para o amanhecer.
Outra modalidade era o controle de qualidade de pizza delivery. Pede duas gigantes, com promoção de 2l de refri de diferentes fornecedores e veja quem chega antes. A que chega primeiro tem prioridade no caminho do mar. A segunda um fio de azeite!
A operação deixa marcas e vai exigir uma revisão geral de protocolos.
O dia fica maior sem reuniões em torno de uma mesa de bar ou restaurante.
É muito difícil,ninguém disse que seria fácil sair desta terra. Aliás o próximo será sobre Verdades, mentiras, anões,duendes e bruxinhas.
Quem viver verão de cinta e duas camisas!