Qtas vezes a gente faz uma pergunta objetiva e recebe uma metáfora de resposta. Geralmente o poeta acha q está sendo genial em sua resposta, quase um monge, um profeta, mas na verdade, esta apenas sendo mais um motivo de desistencia de compreensão de seu interlocutor.

Tenho respondido muitas coisas com metáforas ultimamente. Não acreditem em mim. Sou um charlatão, um conversa fiada. A verdade é q esse problema de obesidade não tem resposta objetiva a priori, simplesmente pq a resposta do problema só existe depois de respondida. E usando a imagem da montanha, vc tem de escolher primeiro chegar lá em cima emagrecido, ou ficar aqui embaixo gordo. Como chegar lá em cima? Só saindo na porrada todo dia com a montanha, subindo, cansando, procurando vias e caminhos pra chegar lá em cima. Usando cordas, pedindo ajuda a guias e parceiros. Sentando pra descansar, sentindo dores e desconforto. Usando o q puder pra alcançar o objetivo.

Ou virar as costas pra montanha e sentar no boteco. Burrice é ir até a metade do caminho e voltar ao boteco. Fiz isso varias vezes, agora morro ou chego no alto. Sei que ser um emagrecido não é ser magro. Pois magrinhos, jamais serão; nunca serão!
Neste primeiro fim de semana de maio, encarei mais uma trilha pesada proposta pelo pessoal do
TrilhasRJ. Uma travessia urbana no Parque Estadual da Pedra Branca, em Jacarepaguá. Nunca havia feito nada neste Pque, e uma travessia daria chance de usar ele todo em um só dia. A trilha é muito interessante, pois apresenta diversos terrenos e texturas, com a proposta de uma subida a Pedra do Quilombo e no fim a Cachoeira do Camorim. A proposta era de cumprir esta travessia em 6h.

. Posto isso começamos a travessia na sede do PEPB com entrada pela estrada do Pau da Fome. Início ameno, mas logo pinta muita lama e a inclinação aumenta. Barro vermelho grudento, aumenta o peso da bota e ajuda a gravidade a te agarrar ao solo. Aos poucos a gente se afasta da sede e com uma hora e tal, o guia avisa a gente da necessidade de se manter coeso como grupo, trilha com bananeiras é ardilosa, pois alem da trilha tem a capilaridade dos catadores de banana, periga a gente marcar um caminho a direita da bananeira tal e descobrir q a 3m tem outra, a 2m outra e outra. Aí, vc ja se perdeu e fica complicado encontrar o caminho principal novamente. Bem, com quase 2h morro acima vc já está no clima da travessia, grupo gde, galera repondo as energias na rapida parada, tudo q não se quer é se perder dessa galera.

O esquema é simples e muito eficiente, Um guia turbo adiante, levando os fominhas de trilha, um fecha trilha tocando os esbaforidos, bunda sujas e cagões e um flutuante, reencarnação de vietcongue q aparece no fim da trilha pra ajudar os enrolados ou dar um pique adiante do turbo pra saber como está o caminho a frente.
Eu sou o típico bunda suja, tenho medo de abismos e gosto de fazer força inútil. Subir cansa, escalar me aterroriza, mas a gente consegue chegar no alto do morrão. descansa, come, contempla, conversa, interage com os vetereanos de trilha, com os novatos e os guias. Daqui a pouco o grupo turbo levanta acamapamento e começa a descer, logo eu me vejo procastinando a volta, pq realmente detesto. Descer é mais sutil, vc fica livre no ar e é a hora q vc fica mais leve. Tá tudo ali acumulado em forma de energia potencial, vc tem q ir reduzindo aos poucos, pq se cair é saco preto. Descido o cume, agora é voltar a trilha da travessia, vc desce um morro ingreme com terra fofa. Sem classe eu desço de escorrega manteiga assumido, e a calça verde fica marrom chão. Se lama faz bem pra pele, minha bunda foi pro Spa.

As 16h estamos no caminho da travessia novamente, seguindo para a cachoeira do Camorim. Antes disso aparece um açude, numa viagem vc pode apostar q vai aparecer um jacaré por ali. Agua verde, estilo caldo de cana, chão estranho e um cheiro bom pra caramba no ar, musgo ou algo do tipo. Sobe dos troncos escorregadios q estão ali, fazendo parte dos obstáculos naturais da trilha. Uma série de riachos e charcos, mais lama e o desejo de uma bota Nomade impermeavel. Quase 17h estamos próximos da cachoeira. Morro abaixo, a vontade de ficar ali é gde, mas o desejo pela invisibilidade, de cumprir o ritual como todo o grupo faz vc descer. Vale o sacrifício. A água gelada faz a gente renascer. De volta a trilha, as trevas chegam. Burro, esqueci minha tanterna de cabeça, to com uma de mão pendurada na mochila e é com ela q eu desço na banguela. Andar no escuro oprime e comprime o grupo. Tinham uns dez, contamos mais de 20 tombos na saida da Travessia. Contribui com 2. To na média. Imundo. Troquei de roupas na sede Camorim e quase 19h estavamos catando uma Van para retornar a urbanidade.

De volta a Taquara rola uma ultima reagrupada, por volta de 19h todos se despedem, parte mete o pé e parte segue para a devida reposição de energias. Comida!
Buscamos uma padoca das gdes e cada um fez sua festa. Eu fui de cafe com leite, biscoito polvilho e um tijolo de aipim parecido com bolo. A rapaziada encarou a velha cocacola com frango e pizza da casa. Confesso q o cheiro é cruel, fico impaciente e meio q apesar de exausto prefiro ficar girando ao redor, q estacionado na mesa, olhando aquilo tudo. Vidas passadas assombram para sempre, como o abismo a gente encara com o q estiver a mão. Passado isso é carro e casa, dando a carona q tiver de ser dada. Quase 21h to em casa.

O bacana disso tudo é encontrar um grupo a cada trilha, cada um com seus objetivos e estilos, comungam ali, por 10h o objetivo comum proposto pelos guias mais gente fina q conheço.

PS: Ah sim, tanto quem não pagou, qto quem não quer pagar guias de trilha que vá andar com o diabo que os carreguem! E o bom de andar com o diabo é q ele se amarra num deboche. Rir com ele é um gde prazer, ja que compactuar com ele tem consequencias funestas.
2 comentários:
Seus relatos são ótimos!
;-)
maneiro seu blog!!! vlw abs
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