No carnaval eu já havia experimentado a sensação de transparencia. Hj posso afirmar que sem dúvida é uma das gdes diferenças da vida obesa para a que tenho levado atualmente.

É muito estranho vc entrar num lugar sem dois ou tres olhares com a interjeição certa de "Puta La Madre Cabrón, gordo como uma kombi!". Hj dá pra passar liso de verdade na noite. Antes eu já chegava rechaçado, caras intrigadas com a chegada pesada.
A gente megabolha toca o barco como pode, sempre rindo e bonachão mas alimentando vários medos. Temos de ir nos lugares, pois a tal teia social te esquece rapidamente se a gente não alimenta com presença em encontros e reuniões. Esse medo é o primeiro de muitos, afinal realmente o homem é um animal social e o megabolha, por baixo de panos mal cortados, péssimas estampas e muita banha é um homem como qquer outro.
O barzinho é uma desgraça, aqueles de cerveja, mesas de plástico e cadeiras frageis. Eu comprei uma cadeira destas para desenvolver a tecnica de sentar. Descobri q tbém deveria ter uma tecnica para me levantar, pq o rabo largo não assenta, se encaixa tridimensionalmente no vão da cadeira. A medida q se engorda, mais na ponta se vai sentando na cadeira. A tecnica era de na verdade agachar, ficando com os pés quase na direçãoda bunda. Lógico q isso em janeiro, garantia um calor extra ao já sudorético estado do garoto gordo. Empapado de suor nas axilas, bebendo coca zero com batata frita a chance de conseguir uma fan na noite era a mesma de paz no oriente médio. Nenhuma.

Tinha também as idas a boites e danceterias ou seja lá o q se chama. Musica alta em detestáveis 140 bpm's, a melhor roupa possivel mal ajambrada de fabrica, um pouco mais apertada devido ao pouco uso. Sim, uma teoria q eu tenho de q o gordo fica meio infantilizado é corroborada aqui, gordo tem roupa de sair. Geralmente uma camisa pólo e uma calça jeans 62. Porra se fosse 46 eu seria magro cazzo, manequim de gordo é de 60 pra cima, cinturinha de abelha e bunda de bezouro.
Aos poucos a dignidade vai pro ralo e a gente acaba numa casa de axé-sambinhapasteurizado da vila da penha. Manter a cara de felicidade dá tanta caimbra como a tecnica ja descrita de sentar em frageis cadeiras de plástico.
Ir aonde se quer. Com quem se quer, se sentir sozinho na multidão estar por ali sem ser objeto de curiosidade, espanto ou mesmo pena é uma coisa proibida a fase megabolha. Aos poucos se desenvolve skills para estas coisas. Mesmoc com cicatrizes cascudas, a dor sempre está por ali. Transparencia e opacidade são cruéis, opaco para espanto e curiosidade, transparente para o olhar de uma gostosa. Desgraça pouca é bobagem.
A parte da transparencia tá rolando. Olhares de gostosa acho q fica pra outra vida. Manter a dieta pra morrer saudável é o q importa.
Zoar com os amigos tbém!

5 comentários:
Túlio,como sempre gosto dos seus posts! E tenho reparado seu tom mais ameno, menos agressivo, mas igualmente verdadeiro.
Posso dizer que tb tive passagens opacas e transparentes. A forma física contribue para isto, mas acredito não ser determinante. Já me achei e fui chamada de gostosa mesmo com 115kg. É claro que foram momentos muito raros e na maior parte das vezes me achava a mulher mais feia e indesejável da Terra.
Mudando de assunto... Não sei se já navegou pela página da Casa Pedro, mas lembrei de vc nesta seção:
http://www.casaspedro.com.br/mapa.htm
bjs
Putz... não era na seção mapa... kkk
era na TEMPEROS... KKK
http://www.casaspedro.com.br/Temperos.htm
Vou jogar no lixo toda a ternura com q tenho escrito até então. Sendo sexista e sujo, é facil ver as diferenças na noite entre gordos e gordas.
A menos q o gordo esbanje uma grana alta ele vai passar zerado na maioria de suas abordagens a piriguetes e potrancas da noite. Já a gorda pode ser encarada como fetiche, excesso de alcool ou mesmo ultimo tirinho, neguinho quer mais é comer mesmo.
Isso se inverte depois se a gente pensar em algo mais romantico, pois as mulheres tem um fígado mais forte pra digerir um relacionamento com um cara gordo. Ja a mulherada serve de comida na encolha, mas não é encarada pra dar voltinhas no Shopping. Lógico q as exceções existem, mas vamos ser honestos e ao menos pensar melhor isso aí.
Pra quem não pescou, o sexismo aqui é contra o genero masculino. Mulherada não me encha o saco.
Sou comprador tradicional de especiarias da casa Pedro!
Túlio... Passei a fase "obesa" casada. Me questiono se foi a minha forma física que fez com que meu casamento findasse, ou se eu mesma me findei na minha gordura e o afastei de mim. Acho que independente do shape, a coisa não vinha bem há muitos anos, então, bola pra frente que a fila anda... Verdade que aos 107 kilos, recém separada, deprimida, mal de grana, achei que nunca seduziria alguém. Foram 8 kg em 1 mês e uma ponta de esperança ressurgiu, mas o que fez mais diferença foi a cabeça. Independente de ter alguém ou não, eu estava resgatando a felicidade, que há tempos não morava em mim. E todo o resto foi consequência: perda de + peso, resgate da auto-estima, novos relacionamentos amorosos, novas amizades, etc. Quero escrever imparciamente mas acabo relatando experiências... ai, ai...
Túlio,seria cômico se não fosse trágico.
O que vc escreveu é muito do que acontece. Nós obesos somos vistos sempre com olhar de curiosidade e pena, além de muita discriminação. Na melhor das hpóteses, com uma curiosidade anatômica. Existem pessoas que nem ao lado de gordo andam.
Antigamente mulheres gordas eram padrão de beleza, hj em dia eu concordo muito com o que vc disse, mesmo tendo me casado com um homem que é mto fã das obesas...rsrs.
Bem, é isso que eu queria colocar e te parabenizar. Adoro o que vc escreve.
Vanesca Medeiros
Postar um comentário